EXPOSIBRAM coloca no centro de debates as oportunidades e desafios do setor mineral

Discutir o cenário brasileiro e internacional do setor mineral foi o tema do Painel “Panorama Econômico do Setor Mineral, o Brasil e a Indústria da Mineração em Perspectiva – Tendências, Oportunidades e Incertezas”, promovido nesta quarta-feira (30), durante a EXPOSIBRAM 2023. O debate foi moderado por Renato Gomes Pereira, gerente-geral Comecial e Marketing da Samarco.

Para Fábio Ono,  diretor de mercado da Macroplan, o crescimento da economia asiática tem sido o fenômeno mais relevante na cena global na atualidade, gerando reflexos geopolíticos, ambientais e tecnológicos. Segundo o palestrante, é um momento que exige visão estratégica, com antecipação, escolha e ação. Por isso, analisar as tendências é fundamental. “Quando falo de tendências, são elementos mais certos nesses cenários. Aquelas que possuem influência maior sobre a mineração são as mudanças climáticas e o tema da sustentabilidade ambiental”, explica Fábio.

Nesse cenário de tendências, a transição energética traz oportunidades para minerais considerados críticos para a transição energética. No Brasil, as reservas existentes desses minerais importantes para as tecnologias de baixo carbono podem vir a tornar essas commodities bastante lucrativas. “A gente está entrando numa nova fase. Não só o minério de ferro como principal produto, mas temos aqui a entrada dos minérios ditos críticos, que fazem parte da transição energética. 80% dos executivos do setor mineral entendem que isso é positivo para o setor e que eles vão conseguir atender à demanda”, resumiu Cládio Graeff, sócio da KPMG.

A expectativa é que projetos envolvendo esses metais possam vir a sair do papel. Por outro lado, o desafio é proporcional ao otimismo. Segundo a pesquisa “Análise do Panorama Global e Brasil 2023”, que ouviu mais de 400 executivos da área da mineração, o setor acredita que será preciso até quadruplicar a produção de metais críticos, além de aumentar a produção de outros metais, cada vez mais rápido, tudo isso atrelado à sustentabilidade do setor. Do total de entrevistados, 40% são de grandes empresas, e 9% são do Brasil, sendo a maioria CEOs.

Na pesquisa, boa parte dos executivos demonstrou preocupação, pois nunca houve tanta demanda por metais, mas há dificuldade em obter licenças e desenvolver novas minas. O nível de exigência com relação a sustentabilidade, social e regulação também será maior, acreditam os executivos, que refletem como as exigências podem impactar em custos e na sustentabilidade do negócio.

Outro ponto que a pesquisa também apontou é que poucas empresas incorporaram o ESG em sua estratégia, ainda sendo tratada como uma área, ao contrário de um posicionamento em relação a meio ambiente, governança e social. Sendo ESG uma tendência, a sigla deve ser encarada como um valor e um diferencial, defende Fábio Ono. Outra tendência é a de maior participação social nas pautas de negócio. Segundo ele, o setor precisa pensar na sua imagem junto a comunidade em que está inserido. É um movimento global que ecoa no Brasil. Empresas inseridas na Amazônia, por exemplo, precisam ter uma agenda de relacionamento com povos originários.

Já no cenário das incertezas para o setor, estão a nova política mundial para retomada do desenvolvimento e qual será o modelo brasileiro, além da infraestrutura nacional, o que vai implicar em multiplicar os investimentos anuais, segundo o especialista.

A reconfiguração das cadeiras globais de produção é outro ponto incerto. A situação está ligada aos movimentos econômicos e geopolíticos mundiais, acelerados pela guerra na Ucrânia. O mercado global debate o retorno da indústria ao país de origem, terceirização da cadeira de suprimentos em países mais próximos ao mercado consumidor e a terceirização da cadeia de suprimentos em países amigáveis, por exemplo.

Perspectiva dos preços para os metais minerais

“Em uma economia de mercado, o preço é uma informação muito importante. Nos diz sobre oferta e demanda, e a expectativa sobre essa oferta e demanda. As oscilações nos preços são reações que dizem respeito a frustrações ou surpresas a essa expectativa”,  explica Helcio Takeda, sócio-diretor da Pezco Economics.

Analisando o histórico de preços de produtos, há ciclos com alta e baixa de preços, que costuma se estabilizar em um  patamar um pouco acima do ciclo anterior. Isso por causa da elevada demanda impulsionada pela China, que levou a um ciclo de alta entre 2016 e 2017 em metais como ferro, alumínio, níquel e cobre. Atualmente, essas commodities estão em um ciclo de queda. No entanto, os padrões desses ciclos tendem a não permanecer os mesmos.

“O mundo está passando por um processo de mudança. Uma de natureza mais longa e outra de natureza mais imediata. A longa diz respeito à questão do envelhecimento populacional e aumento da expectativa de vida, que tende a ter impacto nos padrões de consumo e na organização da sociedade. A curto prazo há dois elementos que alteram o comportamento da demanda: a questão da expectativa de metais e a mudança da globalização para regionalização, que diminui a oscilação”, exemplifica Helcio.

Para ele, a tendência é que os próximos ciclos de preços sejam liderados predominantemente por questões de oferta, ao invés de demanda. O resultado desse comportamento é um ambiente de negócios incerto e tomada de decisões mais conservadoras por parte do mercado, com menor oscilação de preço.

Sobre a EXPOSIBRAM – Composta de multiatividades em um único período e local, a Exposibram é realizada anualmente e conta com a participação das principais entidades relacionadas ao setor mineral. A feira internacional é a maior vitrine para geração de negócios. Já o congresso debate cenários e revela as tendências do segmento.