Mineração: futuro inteligente e autônomo

Dos quase 900 desafios mapeados no setor de mineração, um dos destacados, e mais citados, é o uso da tecnologia em toda a cadeia de valor da mineração.

“O futuro da mineração é inteligente e autônomo”. A frase resume a visão de futuro da mineração, manifestada pelos especialistas que participaram de debates no Congresso Brasileiro de Mineração, na EXPOSIBRAM 2023, no painel “O Caminho dos Parceiros do Mining Hub para Acelerar a Inovação”.

Com quase cinco anos de criação, o projeto do Mining Hub tem 22 mineradoras conectadas, 17 fornecedoras associadas, 20 projetos com aplicação em escala e um total de 890 desafios mapeados, um número expressivo, mas proporcional à importância do setor de mineração para a economia do país. Desses quase 900 desafios, um dos grandes, e mais citados, é o uso da tecnologia em toda a cadeia de valor da mineração.

Nessa jornada, a aplicação das novas tecnologias já vem conquistando as atenções da atividade mineradora. A realidade aumentada é uma das tecnologias apontadas pelo especialista Natan Chaves, executivo de software da Rockwell Automation, que podem evoluir para a realidade assistida e a realidade mista.

Ele explica que a ferramenta utiliza diversos softwares para receber as imagens e fazer a leitura das informações, e facilita muitos processos físicos, como a manutenção eficiente e segura de equipamentos, mas também a área de recursos humanos, no treinamento de mão-de-bra por meio da transferência de conhecimento. “As empresas enfrentam um problema permanente com as pessoas que estão saindo, se aposentando, e a realidade aumentada ajuda a repassar o conhecimento delas para as novas gerações. Ou seja, você salva e democratiza o conhecimento”, explica Natan Chaves.

Ainda nessa área, ele ressalta a dificuldade em prospectar a mão-de-obra mais jovem. “Os jovens de hoje gostam de tecnologia, de internet, e não querem ficar operando um equipamento repetitivamente. Por isso o uso da tecnologia torna o trabalho mais dinâmico, interativo e facilita a conquista dessa nova mão-de-obra. Nesse sentido, até mesmo a minha empresa evoluiu, deixou de ser somente automação para ser uma empresa que prevê soluções”, garante.

Desafios do uso da tecnologia no processo produtivo

Um dos grandes problemas de mineração em diversos países, abordados por Fernando Romero, mining growth leader da Honeywell, é a capacidade das empresas do setor de se reinventarem em relação à melhoria do processo produtivo, usando justamente as ferramentas tecnológicas. “Isso ocorre desde o processo de licenciamento dos projetos até as operações em campo, onde a aplicação de tecnologias precisa de vários fatores funcionando, como as redes e a conectividade, que vão fazer com que as tecnologias funcionem”, afirmou.

Rafael Torres Junqueira, gerente de novas tecnologias da Martin Engineering, explicou que no ponto específico da segurança dos colaboradores, por exemplo, investir no uso de sensores na mineração traz resultados precisos e de maior assertividade nas inspeções das rotinas, sem que os supervisores precisem ir a campo conferir de perto o funcionamento dos sistemas instalados.

Ele afirma que se em determinada área a prioridade é evitar acidentes no ambiente de trabalho. Para atingir esse objetivo o uso das tecnologias na fabricação de ferramentas e na melhoria de equipamentos é fundamental. “Ao longo dos anos, nossa produção tem investido em conhecimento para a melhoria ergonômica e de segurança de ferramentas e equipamentos, para garantir ao máximo a segurança do ambiente fabril, e também no monitoramento de sensores que garantem esses resultados de segurança”, garante.

Em relação ao processo de operações, Denis Balaguer, diretor de inovação da EY, citou estudos que indicam um amplo conhecimento dos gestores das mineradoras sobre a importância da aplicação das tecnologias. Ele cita dados de que 79% dos CEO’s sabem que precisam inovar, mas 94% deles não sabem por onde começar. “Isso prova que o que é disruptivo não é a tecnologia em si, mas sim o modelo de negócios, a tecnologia aplicada na operação e o tipo de impacto que ela consegue resultar de maneira sustentável, especialmente na mineração”, afirmou.

Ele citou ainda que muito da falta de percepção de onde fazer a aplicação das tecnologias nos processos de rotina vem de algumas culturas que vão se perpetuando. “Há ainda muita gente argumentando contra a automação dizendo que as máquinas estão fazendo o trabalho das pessoas, mas o que na verdade ocorre é que há muitas pessoas fazendo o trabalho das máquinas, trabalhos perigosos que hoje a automação resolve e minimiza os riscos”, conclui.

Desafios do transporte

A jornada ainda é longa para um futuro sustentável do transporte na mineração, mas a criação de soluções elétricas que já chegam a caminhões de grande porte, para um grande volume de toneladas, dão um indicador do sucesso de vários sistemas já desenvolvidos, conforme explicou Joy Mazumdar, Commercial Director da Wabtec Americas. “Toda vez que o transporte não recorre aos combustíveis fósseis, estamos reduzindo as emissões, e nesse caminho os chamados sistemas fora de estrada elétricos já deram alguns passos bem largos”, disse o especialista.

Hoje a indústria caminha na direção da automação, conectividade e eletrificação, com muitas opções no mercado. Ele exemplifica o cenário em que a taxa de uso do diesel com os equipamentos tradicionais que usam, por exemplo, a média de 20 galões para percorrer determinado trecho no sistema trolley ou híbrido, com uso de bateria, economiza-se 90% dessa energia e um percentual próximo disso na emissão de poluentes.

Ele reforça que embora o pensamento seja de que o futuro é elétrico e de baixa emissão de carbono, o sistema trolley, ou híbrido, é uma opção que já está disponível.

Sobre a EXPOSIBRAM – Composta de multiatividades em um único período e local, a EXPOSIBRAM é realizada anualmente e conta com a participação das principais entidades relacionadas ao setor mineral. A feira internacional é a maior vitrine para geração de negócios. Já o congresso debate cenários e revela as tendências do segmento.

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